martes, 16 de agosto de 2011

Das promesas e amizades

Tenho amigos e muitas, muitas amigas. Nao digo muitas pela quantidade, mas porque sinto e sei que sao muitas já que estao por todas partes, e sempre tem uma, em um lugar ou outro, quando eu preciso.
Esses dias olhando coisas antigas achei cartas de amigas de minha infancia e adolescencia. Nao sei bem porque quando somos meninas escrevemos sempre ¨para minha MELHOR amiga¨, ou ¨para a amiga mais especial do mundo!¨. Que mania!
A verdade é que ninguem é a melhor ou a mais especial. Nao existe hanking da amizade. Existem as pessoas que tocam nosso coraçao e que entram em nossas vidas, em um momento ou outro.
Minhas amigas e amigos me ensinam sobre o mundo, sobre elas e sobre mim mesma. Cada uma a sua maneira. Algumas sao feitas de açucar, se derretem fácilmente, outras sao de madeira, muito firmes mas com o coraçao gigante. Com algumas sonho junto, com outras saio para dançar. Tem aquelas de trocar leituras, tem outras de trocar lágrimas.
Um dia uma amiga me ligou, achei que fosse mais um dos telefonemas especiais que as amigas fazem do tipo, ¨to com um problema enorme com o Excel¨, ou ¨vc pode me dar uma carona¨, ¨me empresta aquele libro?¨, ¨vamos ao cinema?¨. Nao era nada disso, a verdade é que se tratando de uma amiga, dessas amigas para valer, nunca se pode saber o que esperar.
Ela disse ¨Quer ser minha testemunha de casamento?¨, que bonito, até poderia imaginar que uma amiga que se casava me pedisse isso, mas o que seguiu é que foi inesperado. ¨Mas presta atençao, se vc disser que sim, vai ter que ser minha amiga para sempre!¨.
Ela quería dizer que ia compartilhar com uma pessoa a promessa de uma vida em comum e que se eu fosse assinar em baixo, teria que estar ali todo esse tempo. Nao quería uma testemunha para aquele dia, ou aquele ano. Queria uma para a vida que estava construindo.
Naquele dia nao foi só aquele casal que fez uma promessa. Se casaram dois, se uniram varios.
Eu Sarah prometo unir-me a minhas amigas e amigos, por uma parte da minha vida ou por toda ela.

miércoles, 10 de agosto de 2011

A maternidade, os cachorros e o preconceito.


Estava lendo o site de um jornal chileno quando me encontrei com o titulo provocativo, "Mujeres y sus mascotas".
O titulo parece inofensivo, mas revela muitas coisas. O perfil traçado estava claro, mulheres, solteiras, que trabalham.

"Según la experiencia de la veterinaria 5 de cada 10 mujeres adquieren una mascota ya sea para la familia o para que las acompañe en su vida. “Desde pequeñas las mujeres han sido criadas con un instinto maternal que hace que acunen a muñecas o protejan a sus hermanos más pequeños. Cuando esa niña crece, deposita estas necesidades en los hijos o mascotas que adopta como una manera de entregar amor y protección”, cuenta la experta."

Li isso e a pergunta foi obvia, esperta em que? a veterinaria que é esperta em mulheres? Acho que entendi mal, pensei que Veterinaria era outra coisa... Ou será uma esperta em matemática? Claro porque se 5 mulheres de 10 compram um animal de estimaçao, tem outras 5 que não, ou seja se vc é mulher tem a mesma porcentagem de chance de comprar ou não comprar um animal. Conclusão, tanto faz se vc é mulher ou não na hora de decidir se quer um cachorro.

É claro que qualquer pessoa que tenha 15 minutos pode encontrar bobagens machistas pela internet mas essa me chamou atenção, porque revela duas coisas, uma é a ideia de que temos em nós o desejo de ser mães.
A maternidade pode ser uma experiencia incrivel para muitas mulheres, mas não é a opção e o desejo de todas. Para muitas de nós é ou será algo esperado, desejado e vivido com alegria e plenitude. Muitas encontraremos nossa realizaçao em outras coisas, outras experiencias também intensas.
Justamente para que a maternidade seja algo bonito e realizador, tem que ser desejada e não imposta. Nosso lugar no mundo não pode estar definido por nossa biologia, mas pelos nossos sonhos e opções.


"¿A qué se debe esta tendencia?
Pueden ser muchas las razones por que las mujeres prefieren tener mascotas, hoy en día la principal es que ellas postergan el momento de formar familia, debido a que primero prefieren realizarse profesionalmente, sin embargo, muchas se sienten solas a la hora de llegar a sus casas y sienten la necesidad de que alguien las esté esperando cuando llegan, por eso adoptan a una mascota para que las acompañe y entregue cariño.

“Las mujeres buscan lealtad, obediencia y reciprocidad, es decir, que el perro reaccione ante un estímulo, caricia o instrucción que su dueño le ordene. Otro factor importante es el cariño desinteresado que los animales nos pueden entregar”, afirma la experta."

Outra vez a esperta do texto, faz referencia ao segundo tema que aparece mascarado.
A ideia de que se sairmos para o mundo público nunca estaremos realizadas totalmente.
A inofensiva materia afirma que as mulheres que decidem não ter família estão insatisfeitas, sozinhas.Os bichinhos já não substituem só o filho mas potencialmente também o companheiro.

Não quero aqui fazer uma apología ao trabalho, acho que todas e todos que trabalhamos chegamos em casa querendo tranquilidade e carinho.Também há dias em que não existe nada melhor que estar sozinha e desfrutar de um tempo de silencio, porque o mundo é duro mesmo e tem dias que são piores que outros.
Mas não é disso que se trata, essa reportagem não é sobre cachorrinhos, é um resumo de uma ideia cada vez mais comum sobre as mulheres e a legitimidade do direito ao trabalho e seu papel na sociedade.

Sou mulher, sou solteira,alguns dias me sinto sozinha, outros não. Trabalho muito, e sonho com muitas coisas. Não sei se quero ter um filho, mas certamente não quero um cachorro.

http://www.biut.cl/content/biut/2011/08/50-1686-9-mujeres-y-sus-mascotas.shtml



jueves, 4 de agosto de 2011

Quem entende de internacionalismo?

Uma coisa que recentemente tem chamado muito minha atençao sobre o movimento de mulheres é a sua dimensao internacional. Ou melhor dizendo sua dimensao internacionalista.
Sempre falamos de solidariedade feminista e tal, mas exatamente o que isso quer dizer? Nao é simplesmente ser legal com outra feministas. Ou mesmo fazer doaçoes para mulheres em situaçoes dificeis.
Construir uma dimensao internacional para nossa luta baseado na solidariedade é uma caracteristica fundamental do feminismo.Essa trajetória é feita de perceber nossa luta além das fronteiras, além das culturas, afirmando que TODAS as mulheres tem o direito a serem livres.
O internacionalismo que precisamos construir como feministas é esse que reconhece que o especifico é parte da luta global. Que o que vivemos cada uma, vivemos todas.
Solidariedade só existe entre iguais, do contrario é caridade.

¨Increased use of the term “transnational” by feminist theorists
has also implied a critique of the centrality of nations, nationalisms,
and the national scale in political life, including in feminist political
imaginaries. In the work of some, the transnational is a way of
naming the circulation of feminist discourses across various kinds of
difference without reinscribing national(ist) boundaries or invoking
a global-to-local hierarchy among scales of activism. The transnational
thus refers to relations and flows across national frontiers,
while avoiding claims to the universal that accompany the term
“global” and the historical project of global sisterhood (Grewal and
Kaplan 1994; Kaplan, Alarco´ n, and Moallem 1999).¨

¨Como mujer, no tengo patria. Como mujer, no quiero patria. Como mujer, mi patria es el mundo entero (Virginia Woolf)¨

A experiencia feminista de solidariedade internacional tem muito o que ensinar aos outros movimentos. Nao porque saibamos tudo, mas porque no caminhar aprendemos a olhar nos olhos umas das outras, sabendo que o patriarcado está presente na vida de todas e que por isso só o superaremos juntas.