jueves, 16 de mayo de 2013

Do Estupro e do Choro






Há alguns dias quando sairam algumas denuncias contra o Pastor Marcos Pereira da Assembleia de Deus dos Ultimos Dias, acusando-o de estupro, pensei em escrever alguma reflexão sobre o tema da violência para compartilhar.

Os dias passaram e fiquei matutando sobre o assunto. Ontem, foi ao ar um programa de televisão sobre o aumento dos estupros no Brasil que juntava esse caso com outros dois.
O primeiro era de uma moça que como outras, foi vítima de estupro em uma Van no Rio de Janeiro. O segundo das fiéis da Assembleia que ousaram denunciar o seu pastor. O terceiro registro é a história de duas jovens fãs da banda New Hit e que foram violentadas pelos musicos.

Cada história é uma história, cada dor tem a sua peculiaridade. Todas merecem uma analise mais aprofundada sobre a violência contra as mulheres, sobre como muitas vezes o lugar da agressão é onde supostamente se sentiriam mais seguras, ou como a violência se cruza com o discurso religioso. Ou ainda das dimensões simbolicas da denuncia que ajuda outras mulheres a fazerem o mesmo. Mas nesse momento eu não consigo fazer isso, só consigo chorar junto.


Escutando os depoimentos das mulheres violentadas e a fala dos seus agressores é inevitável observar o tom reivindicativo de que são vítimas de injustiça. De que os/as fãs estão como eles e que a justiça de Deus se fará. No outro caso falam de que estão sendo perseguidos por causa de Jesus e presos como Paulo e Simão ( !!!!). O reporter retruca, ¨Mas ele tá em Bangu!¨, a voz que defende o pastor prossegue afirmando que lá ele irá pregar o evangelho de Jesus e muitos se convertão.( A que? ou a quem??)

Do outro lado as mulheres agredidas, falam da vergonha que sentem. Do constrangimento que viveram ao tentar denunciar, seja no IML, seja nas suas comunidades de fé.

As fãs da banda acreditaram nos seus ídolos, e quiseram um autografo. Isso foi suficiente para que os músicos achassem que era só uma brincadeira e violassem seus corpos.

As fiéis da Assembleia de Deus dos Ultimos Dias , não souberam como questionar aquele que era a autoridade espiritual nas suas vidas. O poder do discurso religioso exerceu um controle direto sobre os seus corpos ao impor o uso de batas compridas como vestimenta obrigatória, e ao mesmo tempo estar sexualmente disponíveis para aquele que recebia as revelaçoes do anjo da igreja.

A moça que viajava na van, ganhou no seu aniversário a Biblia da Mulher. A bíblia de capa cor de rosa, da mulher virtuosa, daquela que os pastores e pastoras gostam de exaltar no pulpito no dia das mães ou nas pregações de casamento. Ela conta que que perdeu naquel dia o sonho de casar virgem. ¨E casaram virgens e viveram felizes¨, foi assim que ela aprendeu. A dor dessa moça é pela violência fisica, mas também de não poder mais desfrutar dessa promessa que lhe foi feita.


Essas histórias de promessas rompidas, de mulheres que acreditaram e de homens que usaram do seu poder para subtrair sua fé, seja em uma banda, em um deus ou no seu proprio futuro.

Eu fico pensando como será que Deus escuta o clamor de justiça desses homens, e como será que chega aos seus ouvidos o gemido de dor dessas mulheres.


¨Bem aventurados os que choram, pois serão consolados¨( Mateus 5:4)


"Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembléias solenes.

Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas.
Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras.
Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene! " (Amós 5:21-24)